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Por
Janethe Fontes
Quero
abrir o tópico explicando o que é violência contra a mulher:
"Na
definição da Convenção de Belém do Pará (Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a
Mulher, adotada pela OEA em 1994), a violência contra a mulher é
“qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano
ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na
esfera pública como na esfera privada. A violência contra as
mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente
desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à
discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno
avanço das mulheres…”
Referência: http://mariapenha.blogspot.com.br
A
Lei
nº 11.340,
de 7 de agosto de 2006, mais conhecida como ‘Lei Maria da Penha’,
que está completando sete anos, foi uma conquista para as mulheres,
já que surgiu como forma de prevenir e também de dar assistência e
proteção às vítimas de violência doméstica e familiar, assim
como penalizar aqueles que cometem tal crime.
Mas,
por que temos a sensação que os casos de violência contra a mulher
estão aumentando? Ato do movimento de mulheres em Porto Alegre. Foto
de Cintia
Barenho no Flickr em CC,
alguns direitos reservados.
Segundo
alguns pesquisadores, o aumentou se deu porque um número cada vez
maior de mulheres está se encorajando a denunciar casos de agressão.
Mas será que é só isso?
Um
levantamento da OMS (Organização
Mundial da Saúde)
apontou que cerca de 70% das vítimas de assassinato, do sexo
feminino, foram mortas por seus parceiros. No Brasil, a cada 15
segundos uma mulher é espancada, e a cada 2 horas 1 mulher é
assassinada.
Ainda
segundo apontamentos, há três anos, o Brasil ocupa a 7ª posição
na listagem dos países com maior número de homicídios femininos.
E, conforme o Centro
Brasileiro de Estudos Latino-Americanos,
em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais,
que desenvolveu um Mapa
de Violência,
detalhando os crescentes índices de mulheres assassinadas em todo o
Brasil, na divisão por estado, o Espírito Santo detém o 1º lugar
no ranking dos 10 estados com os maiores números de homicídios.
Veja abaixo:
Outra
pesquisa, desta vez realizada pelo DATASENADO/03/2013,
informa que muitas vítimas não denunciam os companheiros à polícia
por prever que eles não serão punidos. E, infelizmente, fica
difícil convencer que a punição realmente acontece quando se vê
tantos casos provando justamente o contrário. Ainda assim, a única
forma possível de minimizar a violência é denunciando.
Até
porque a Lei Maria da Penha é bastante eficiente, as falhas estão
no cumprimento, já que, lamentavelmente, entre o que se encontra na
lei e o que vemos na prática, ainda existe uma distância espantosa.
Juízes machistas dão causa ao homem agressor e as medidas de
proteção (como proibição de aproximação da vítima e seus
familiares), muitas vezes, demoram a ser despachadas ― e, quando
são, nem sempre são cumpridas. Daí, fica realmente muito difícil.
A sociedade tem de exigir que a Lei Maria da Penha saia integralmente
do papel e de fato proteja as mulheres.
Alguns
elementos como álcool, drogas e ciúme também são apontados como
desencadeadores da violência contra a mulher, mas o fato é que em
nossa sociedade, e em vários outros países do mundo, a
supervalorização do “homem”, em contraste com a desvalorização
da “mulher”, que se reflete na forma de educar as crianças,
ainda é, também, um dos fatores perpetuadores desse tipo violência.
Afinal, a violência contra a mulher é uma prática que está
intimamente ligada à cultura machista.
Por
isso, para mudar esse panorama e diminuir as desigualdades, é
preciso investir em mudanças na educação de nossas crianças, de
nossos jovens, enfim, de nossa sociedade. E isso tem de ser feito em
casa e também nas escolas. Aliás, a escola, o educador, tem papel
fundamental na formação da cidadania; portanto, não pode se omitir
aos debates, às reflexões sobre esse tipo de assunto. Ao contrário
disso!
Enquanto
os meninos são incentivados a valorizar a agressividade, a força
física, a ação, a dominação e a satisfazer seus desejos,
inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza,
delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo,
passividade e o cuidado com os outros.
Há
necessidade também de aumentar e melhorar as delegacias
especializadas em atendimento às vítimas de violência de gênero,
sejam elas crianças, mulheres adultas, homossexuais, etc, tendo em
vista que mais de 30% das vítimas de violência consideraram o
atendimento das DM’s ruim ou péssimo, segundo pesquisas recentes.
"Nenhuma
mulher gosta de apanhar. O que acontece é que algumas mulheres ficam
tão fragilizadas, com a autoestima tão baixa que não conseguem
reagir. Mulheres que ficam com tanto medo de seus parceiros ou são
tão dependentes financeiramente que não conseguem ir embora!
"[Autor desconhecido]
Janethe
Fontes é escritora e tem, atualmente, 3 livros publicados: Vítimas
do Silêncio, Sentimento
Fatal
e
Doce
Perseguição. Seu 4º livro, O Voo da Fênix, será lançado
ainda neste ano. Escreve nos blogs Janethe
Fontes
e
Palavreando.
Fonte:
Blog Feministas
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